O ciúme é um sentimento natural do ser humano e pode ocorrer por diversas razões, no entanto, para algumas pessoas, sentir ciúme se torna muito intenso, sendo algo difícil de lidar e ser controlado e como consequência, costuma gerar conflitos nas relações.
Identificar e reconhecer quando o ciúme se torna muito presente é importante, porque sua frequência e intensidade pode gerar sentimentos negativos como raiva, desconfiança e ansiedade, tanto na relação do casal como no indivíduo com ele mesmo.
Mas afinal, o que é o ciúme?
Muito presente nos relacionamentos, o ciúme é caracterizado pelo medo que a pessoa tem de perder a pessoa amada. Também pode ser desencadeado pelo sentimento de insegurança que um ou ambos sentem.
Essa insegurança pode estar relacionada tanto a fatores internos, em decorrência de alguma atitude do parceiro/a ou a fatores externos: questões individuais da vida da pessoa e que são projetadas no outro.
Quando sua frequência e intensidade se tornam exacerbados, os conflitos nos relacionamentos podem se tornar recorrentes e, em alguns, casos, a pessoa enciumada também pode apresentar comportamento controlador e agressivo, seja por meio da violência física ou verbal. Em situações assim, pode ser caracterizado como patológico e, neste caso, requer a ajuda e acompanhamento com um profissional especializado.
Desta forma, como reconhecer se o ciúme que sinto é normal?
Primeiramente, reflita sobre os fatores que costumam despertar os seus ciúmes.
Se você se sente enciumado(a) quando o seu parceiro (a) interage com outras pessoas ou vai à compromissos sociais sem você, é importante observar a forma com que você lida.
O caso é especialmente delicado quando você sente ciúmes de amigos e familiares, com quem o seu companheiro (a) convive quase que diariamente.
Após fazer essa reflexão, segue abaixo algumas maneiras para que possa lidar melhor com essas situações.
1. Se observe e questione-se.
Questione-se sobre o motivo do seu ciúme.
Qual é a situação que te despertou esse sentimento? Por que você está com ciúme? Aconteceu algo no passado para você se sentir assim hoje? Se houver, busque conversar com o seu parceiro a respeito!
Situações corriqueiras de desconfiança no relacionamento, podem gerar uma grande tensão emocional na relação com o parceiro(a), que pode se sentir vigiado, monitorado e controlado na maior parte do tempo, mesmo sem apresentar motivos.
Pessoas que sentem ciúmes excessivos, costumam apresentar pensamentos distorcidos acerca do relacionamento amoroso e do comportamento da pessoa amada. Desta forma, é importante se auto-observar e identificar o quanto que esse sentimento tem te gerado sofrimento.
2. Deixe as suas intenções claras.
Converse com o seu parceiro no início do relacionamento sobre os valores que são importantes para você na relação e, se houver alguma modificação ao longo do tempo, converse novamente. Assim você pode evitar possíveis desentendimentos!
3. Trabalhe a confiança no relacionamento.
Você confia no seu parceiro(a)?
Se você não conseguir responder que ‘sim’, é importante conversar com ele(a) a respeito disto. Pontue sobre os motivos que te fazem te sentir inseguro(a) e desconfiado(a).
É importante criar uma relação de confiança, mas lembre-se que não é possível mudar as pessoas.
4. Mantenha o diálogo em dia.
Mesmo deixando bem claro o que você procura no relacionamento, converse sempre que houver momentos em que se sinta inseguro(a). Não postergue quando tiver um assunto que queira abordar, porque isso pode gerar conflitos no futuro. Também não deixe de elogiar, pontuar e compartilhar as coisas boas do relacionamento.
5. Busque trabalhar a sua autoestima.
Quando a autoestima e o amor-próprio estão elevados, consequentemente a confiança em si mesmo(a) é maior, desta forma, você consegue distinguir quais situações merecem mais atenção e quais é possível deixar para lá. Todo relacionamento tem suas imperfeições e também precisamos aprender a lidar com elas.
Relacionamentos amorosos fazem parte da vida, mas você não deve esquecer de você mesmo(a). Por isso, trabalhe a sua autoestima para que você adquira o amor-próprio em primeiro lugar.
6. Não tente controlar o outro.
É impossível controlar a liberdade ou o comportamento do outro.
As pessoas são diferentes, portanto, vivem, pensam e agem de formas diferentes. Quando você não respeita isso, demonstra que não confia totalmente no seu parceiro(a).
7. Não projete traumas do passado no seu relacionamento presente.
Se você já sofreu alguma traição, é normal que se sinta receoso, no entanto, é importante lembrar que seu parceiro atual nada tem a ver com a sua antiga relação. Desta forma, não traga as inseguranças de outro relacionamento para a sua relação atual.
Procure por ajuda profissional, se você sente que os traumas vividos no passado ainda refletem na sua vida.
8. Aprenda a demonstrar o amor de forma diferente.
O amor é leve e gostoso e o sentimento de ciúme, ao contrário do que muitos pensam, é uma forma de possessão sobre o outro e não uma expressão de amor.
9. Mantenha uma vida social ativa.
Muitas pessoas quando iniciam um relacionamento amoroso, tendem a deixar de fazer coisas com amigos e familiares e a negligenciar essas relações. Alguns também deixam de fazer coisas que antes davam prazer, como um hobby ou alguma atividade específica.
É importante buscar um equilíbrio entre o momento dedicado a si e a relação.
10. Fortaleça o seu amor próprio.
É importante reforçar, mais uma vez, sobre a importância de amar a si mesmo(a) e, ao contrário de ser egocêntrico(a), isso representa um respeito com você mesmo(a). Se lembre todos os dias de como você é importante para este mundo e não permita que ninguém lhe diga o contrário.
11. Faça terapia.
Identificar os motivos que te geram ciúmes é muito importante e a psicoterapia é uma ferramenta que pode te auxiliar nesse processo de observação e identificação dos conflitos internos.
Quando não identificamos, tendemos a projetar no outro inseguranças que são nossas, não conseguindo distinguir até que ponto as dúvidas que sentimos frente ao outro são baseadas em fatos reais ou imaginários.
Desta forma, fazer terapia pode ser uma ótima alternativa nesse processo, pois auxilia no autoconhecimento e no desenvolvimento de uma confiança maior, contribuindo para lidar de uma maneira melhor e mais leve com as questões que surgem nos relacionamentos.
Você gostou desse artigo?
Karoline Peixoto,
Psicóloga Clínica e Terapeuta Familiar e de Casal. CRP 06/125071.